sexta-feira, 24 de abril de 2015

Eclético

Eclético, sim!
Assim me considero

Quer dizer que tenho gostos
Que variam de padrão
Gosto de uma boa música regional
Como frevo ou baião
Ou gosto de punk rock
Tocado por um alemão

Quer dizer que eu experimento
Que busco novas vivências
Gosto do que é bom só por ser bom
Seja barroco, clássico ou pós-moderno
Vou de Machado a Castro Alves
Contemplo Zizo e ouço Miró

Não implica, no entanto,
Como alguns esperariam
Que eu adira à onifagia
Pela qual muitos consomem
Qualquer uma porcaria

Também não quer dizer
Que eu caio na normose
De cultuar os Deuses
Heróis e outros mitos
Da cultura massificada

Eu quero muito mais!
Mais do que o mito eterno
De um músico que não se recria
Mais do que o brilho efêmero
Que só dura enquanto a mídia alumia

Sou eclético,
E sinto falta de sangue novo:
Literatura e artes visuais
Música, teatro e outras mais
Arte errante, em toda parte
Obscurecida pela imposição
De uma produção medíocre
Ou enfraquecida pela falta da união
Dos artistas esquecidos
Que já não se comunicam mais

Pablo de Araújo Gomes, 24 de abril de 2015