terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Lágrimas

Lágrimas?
Por que?
Por quem?

Lágrimas porque todo fim é triste,
Porque partir machuca,
Porque a dor precisa de um escape.

Lágrimas porque o fim não foi fácil,
Porque a partida foi conflituosa
Porque o fim foi da forma mais dolorosa.

Lágrimas porque a injustiça dói muito.

Lágrimas, não mais por alguém,
Talvez por perder alguém,
Mas como perder o que não se tem?

Lágrimas por desabafo,
Mas as lágrimas não me saem.
A dor fez voto de clausura em meu coração,
E as lágrimas recusam-se a dar habeas corpus.

Lágrimas...
Para que?
Se agora até elas me abandonam,
Por que me incomodar que não me socorram?

É que, se tenho os olhos secos,
O coração queda-se inundado de lágrimas,
E as lágrimas, elas mesmas, amotinadas
Me afogam, me matam um pouco a cada dia.

Lágrimas ingratas, já nem merecem,
Que eu gaste meu verbo em seu nome,
Que lhes gaste versos em poesia!
.

Pablo de Araújo Gomes, 28 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Procura-se

Procura-se uma mulher
Não uma menina qualquer
Procura-se uma pessoa madura
Que tenha atitudes adultas
Procura-se alguém de boa conduta
Transparente, segura,
Procura-se uma mulher honesta
Não uma mulher casta, que isso é doença ou ilusão,
Mas que seja pura de coração.
Se falar a verdade e não tentar enganar
– mesmo que por omissão –
Já está de bom tamanho.

Procura-se uma mulher amiga
Em quem se possa confiar,
Procura-se uma mulher sem intrigas
Com quem eu possa contar,
Procura-se uma mulher de atitude
Que diz o que quer, sem joguinhos,
Procura-se uma mulher decidida
Que saiba o que quer, aonde quer ir,
Procura-se uma mulher que goste de gentileza
Que goste de cavalheirismo,
De romance e romantismo
Mas não uma que seja submissa,
De modo algum uma mulher para me servir.

Procura-se uma mulher.
Não, uma Mulher!
Com “M” maiúsculo, e digna disso,
Mulher no coração, Mulher na cama,
Mulher no trabalho, Mulher na sociedade.
Não, não uma Mulher perfeita
– sei que tais não existem, as pessoas perfeitas –
Pode ter TPM como todas,
Mas não o mês todo, como algumas,
Pode ter ciúmes de outras mulheres,
Mas lembrar que não está comigo à toa,
Pode ter os defeitos típicos e comuns,
Mas saber admiti-los, e não atirá-los nos outros,
Pode ter suas dúvidas e aflições,
Mas não procurar disfarçá-las em coisas insignificantes.

Procura-se uma mulher que não dê bola
Para conversinhas negativas das amigas
Especialmente das desinformadas,
Ou das invejosas e despeitadas.
Procura-se uma mulher que cuide de mim,
Mas não de forma invasiva,
Procura-se uma mulher que queira ser cuidada,
Mas não que me queira escravizar.
Procura-se uma mulher que sonhe alto
Mas que tenha os pés firmes no chão,
Procura-se uma mulher que sonhe junto
Mas tenha projetos próprios,
Procura-se uma mulher que ame-se a si,
Mas que não pense apenas no próprio umbigo.

Procura-se uma mulher que ame com verdade.
Procura-se uma mulher a quem se possa amar.
Conheces alguma?

-
Pablo de Araújo Gomes, 27 de dezembro de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Em Seu Aconchego

Sei que o dia não é propício
Nem, a hora, apropriada
Mas, adiar este encontro
De bom, não teria nada

Há dias, espero vê-la
Tenho a alma amargurada
Minha vida, uma aquarela
Pelo pranto desbotada

Se não mato essa saudade
Nem resolvo o que é pendente
Não encontro o meu sossego

Espero que a felicidade
Que em meu peito está dormente
Acorde, em seu aconchego

Pablo de Araújo Gomes, 18 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Divina e Atemporal

Mulher
Pelo toque fino de sua sutileza,
Sua infinita capacidade de fazer
E aprender.
Pela fineza de um gesto,
Pela delicadeza de sua força imensurável,
Por sua graça,
Por seu poder indiscutível
sobre nós, míseros homens,
Por sua beleza, por sua alma.

Mulher
Pelo divino regalo
De poder portar um filho,
Pelo vigor com que suporta a dor,
Pela dádiva do prazer que só ela tem.
Pelo amor incondicional que carrega,
Pelo encanto indiscutível que possui,
Pela vaidade que não abandona,
Por um fascínio sem igual que exerce.

Mulher
Por toda dor que o machismo lhe infligiu,
Pela injustiça a que o patriarcalismo a submeteu,
Pelo que ainda sofrem tantas mulheres no mundo
Pelas mentiras que contra ela se declarou,
E, principalmente, porque, na luta, jamais se abateu;
Pelas vitórias que foram conquistadas,
E por tantas mais que virão,

Parabéns, mulher!
Seu dia é simbólico, uma lembrança,
Uma mera comemoração;
Você transcende qualquer limite,
Você é divina e atemporal!

Pablo de Araújo Gomes, 8 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

REINÍCIO DE TUDO

O cobre que em voltas emoldura,
Com delongadas mechas,
A beleza juvenil de teu sorriso raro,
Recobre as sardas de teu busto sedutor

O vívido brilho de teus olhos,
Certos e claros em cada olhar,
Acorda um doce sentimento,
Regala os olhos de quem vê

Dar-me-ias o prazer
De emaranhar-me em teu cobre?
Perder-me-ia em teus lábios
E na palidez que circunda
Os teus lascivos olhos distantes
Até poder diluir-me em teu prazer

E, quando não restasse de mim vestígio algum,
Tua magnitude divina explodiria
No orgástico poder absorvente
Do pazer único que implodirá o universo
E daria lugar ao reinício de tudo.

Pablo de Araújo Gomes, março de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A Palavra

O orador que catequiza
Fala sempre do pecado
E falando atemoriza
Um a um no povoado

Vendedor que hipnotiza
Com discurso afiado
Mais e mais contabiliza
Um freguês mais conquistado

O doutor que abaliza
O tema de seu doutorado
Com o tempo cristaliza
Todo o tema estudado

O mau gosto vulgariza
Breve está banalizado
E com o tempo se enraíza
O intelecto atrofiado

Palavra que se utiliza
Poder sempre renovado
Se faz mal ou celebriza
Alguém sai sempre afetado

Pablo de Araújo Gomes, 19 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Saudade que

A saudade que aperta
A saudade que confunde
A saudade que incomoda
A saudade que corrói

A saudade que desperta
Para que o amor abunde
Como quando faz-se a poda
Que a planta reconstrói

O incômodo alerta
A saudade que aprofunde
Pela solidão que a molda
E a paz que se destrói

Pela porta entreaberta
Foge o sossego amiúde
A saudade que transborda
O coração também remói

Mas o tempo tudo acerta
E após tal vicissitude
No amor só se recorda
A saudade que se foi

Pablo de Araújo Gomes, 09 de fevereiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Abismos

Se cresce a distância entre nós dois,
Abismo abre-se em meu peito
Urge mais, a cada metro, a necessidade
Dos olhos cansados de procurar
A felicidade de um olhar,
Das carnes ansiosas por um encontro,
E o coração, mais carente a cada dia,
Sente o desejo de se acalentar

Desejos alimentam a imaginação,
Emoções inesperadas atacam o coração

Vão que se abre sob os meus pés,
O silêncio de não ouvir os teus olhos eloqüentes
Cede espaço para uma queda que não parece ter fim...
Ê, saudades que não acabam mais!

Pablo de Araújo Gomes, 25 de janeiro de 2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

Roçar

Roçar os lábios teus
Nos meus
Teus doces leves lábios
Desejo intensamente
Roçar as peles nossas
Minha e tua
Peles nuas
Suadas lindas ardendo em prazer
Espero loucamente
Roçar as nossas línguas
Em beijos desvairados
Tresloucadamente insanos
Relembro incansavelmente
Roçar as nossas almas
Aguadando que do atrito
Cresça nelas tão grande tesão
Quanto sentem nossos corpos
Roçar
A paixão é a libido
Que transcende a carne

Pablo de Araújo Gomes, 23 de janeiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Caneta e o Poeta

A caneta vida própria ganha
E escreve apenas o que quer escrever.
Quando o poeta a empunha,
Marca o papel com sua marca
- dele e da caneta -
E, de sua dupla personalidade
Deixa o rastro o poeta
Deixa o risco a caneta.

Transformam a palavra vazia
Em algo repleto de sentido,
E o signo abstrato começa a comunicar
Quando a caneta dá-lhe forma
E o sentimento do poeta a faz palpável.
Este casamento entre caneta e poeta
Invade, ao avesso, e reconstrói das ruínas
Todo o reino dos sentidos.

Pablo de Araújo Gomes, 13 de janeiro de 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Homenagem

Este poema é para ti,
Que nunca me abandonaste
Para ti, que me acompanhas sempre,
Desde o primeiríssimo dia
Fatídico dia em que te conheci

Contigo, aprendi a importância do afeto,
Contigo, descobri a força de um abraço,
Pinto, então, teu mais fiel retrato
Que minhas palavras sejam eterna homenagem!

Por ti, amadureci, chorei, sofri,
Por ti, superei a timidez, venci,
Ao teu lado, comecei e pus fim
A relacionamentos amorosos.
Contigo, aprendi o valor de uma mãe,
Contigo, aprendi o valor de um pai,
Contigo, descobri o valor de um conselho
E até aprendi a ser só, de vez em quando.

Aliás, tu me ensinaste o prazer solitário,
E me mostraste como é bom dar prazer

Então, para ti erijo esta escultura
Que minhas palavras sejam eterna homenagem!

Escrevo pra ti, e escrevo até pouco,
Mereces mais, sem dúvida,
Tu, minha eterna companheira
Que jamais, jamais me abandonaste,
Nos melhores e nos piores momentos,
A ti, minha Eterna Carência Afetiva,
Rendo, em homenagem, agradecimentos,
E, com a arte que me ajudaste a aprender,
Te ofereço os meus Vivas!

Pablo de Araújo Gomes, 08 de janeiro de 2010

Criogenia

Foi congelado um amor
Que jazia, coitado, enfermo;
Mas não foi feito em laboratório,
Cultivado, cuidado o amor guardado.
Congelou o amor na sarjeta,
Na Sibéria de um coração ferido;
Congelou pelo frio, o amor,
Que ao coração o próprio amor havia submetido
E tudo relacionado a ele foi guardado
Tudo relacionado a ele foi esquecido.

Mas, muito tempo depois,
O coração ao sol quereria se abrir
E em tempo certo, quem diria,
Acorda o amor, animado, vivaz,
Ressurge a esperança, na surpresa,
O amor promete, ele tem certeza
De que volta para sempre,
De que as coisas vão esquentar.

Mas a saúde do pobre amor
Já não ia bem das pernas;
Mesmo em condições favoráveis
Assim, mesmo, com tanta expectativa,
O amor já não é o mesmo
Talvez já nem seja amor
Talvez, uma amizade não assumida,
Com certeza, uma promessa não cumprida.

O amor, que veio vivo e forte,
Mostrou-se intenso como uma chama,
Que tudo queima, e nada resta,
Reaqueceu o coração, outrora congelado,
Mas tão forte e intenso, ao eliminar o vazio do gelo
Deixou tão-somente um coração vazio,
coberto de cinzas, carente de em lágrimas ser lavado...

Pablo de Araújo Gomes, 8 de janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Um Novo Ano Novo Para Vocês!!

Salve o dia!
Salve o ano!
Salve o que puder,
Porque lá vêm os temporais!

Piadas de mal gosto à parte,
Após o pior da pior crise,
Promessas há de recuperação.
Esperança e Otimismo
Se são estas as palavras que iniciam o ano,
Que bom! Que bom!
Que nossas expectativas sejam atendidas!

UM NOVO ANO NOVO PARA VOCÊS!!!

Pablo de Araújo Gomes, 12 de janeiro de 2010